terça-feira, 25 de maio de 2010

Classificação das Mielodisplasias

Entramos no território das pré-leucemias, e hoje falaremos sobre os tipos de SMD. Esta primeira classificação foi proposta há quase duas décadas, e imaginava-se cobrir todas as possibilidades de SMD, o que não ocorreu. Mas ela é nosso ponto de partida para esclarecer uma dúvida muito comum em consultório sobre a SMD: "doutor, se eu não tenho anemia nem leucemia, o que eu tenho afinal?". Nesta classificação, cinco doenças compõe as primeiras mielodisplasias reconhecidas: 1) Anemia Refratária: número reduzido de blastos na medula, exige 6 meses de anemia sem melhora nem relação a outras causas; 2) Anemia Refratária com Sideroblastos em Anel: número reduzido de blastos na medula, que apresenta os sideroblastos (blastos da série vermelha com ferro disposto em forma de anel, e não espalhado aleatoriamente como é costume); 3) Anemia Refratária com Excesso de Blastos: anemia crônica cuja medula apresenta número moderado de blatos; 4) Anemia Refratária com Excesso de Blastos em Transformação: anemia crônica cuja medula apresenta número excessivo de blastos, praticamente no limite entre a SMD e a leucemia; 5) Leucemia Mielomonocítica Crônica: número variável de blastos na medula, porém com monocitose importante no sangue periférico, em algumas classificações já fora das mielodisplasias e considerada uma doença mieloproliferativa. Por hoje é só, um abraço.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Mielodisplasia

Olá...após um período sem blogar, por motivos de doença na família, volto para entrar num tema polêmico, ao qual prometi voltar há alguns meses. No post "Anemia vira Leucemia?", informei que somente uma investigação correta pode afastar o risco de uma anemia ser uma pré-leucemia; mas afinal, o que é uma pré-leucemia? Na maioria das vezes, é uma proliferação clonal de células da medula óssea, porém de uma forma mais lenta e arrastada que uma leucemia, não se caracterizando na primeira consulta como uma doença neoplásica, ou seja, há um crescimento celular errado (displasia) dentro da medula óssea (mielo), daí o termo mielodisplasia, ou síndrome mielodisplásica (SMD). A grosso modo, número elevado de blastos (célula tumoral) na medula óssea representa uma leucemia, e um número baixo caracteriza uma síndrome mielodisplásica. A SMD pode causar citopenia de uma série (anemia, leucopenia, plaquetopenia), de duas associadas ou das três juntas (pan-citopenia). Poderemos ter, portanto, uma SMD iniciando-se apenas como uma anemia sem causa aparente (dosagem de vitaminas e outros exames normais); é nestes casos que temos uma anemia que não responde ao tratamento padrão (ferro) e que deve ser investigada a fundo com a coleta do mielograma. Uma dica para suspeitarmos de uma anemia ligada a SMD, é que o hemograma apresenta VCM elevado; VCM é o volume corpuscular médio, e quando está elevado dizemos que há uma anemia macrocítica, diferente da anemia ferropriva que é microcítica (VCM diminuído). Logicamente, há outras causas de macrocitose, a mais comum é a falta de ácido fólico ou vitamina B, e por isto foi elaborada uma classificação para a SMD, baseada em exames e tempo de evolução, que veremos nó próximo post. Um abraço.