quinta-feira, 25 de março de 2010

Leucocitose

Já falamos sobre o termo leucopenia (diminuição no número de leucócitos, ou glóbulos brancos, circulantes); se o valor normal gira em torno de 4.000 a 11.000 células, valores acima disto são denominados leucocitose. Geralmente, altas taxas de leucócitos são erradamente associadas a uma próvavel leucemia, mas quando analisamos um hemograma não é só o valor total que estudamos. Vamos lembrar que o termo leucócitos representa vários tipos de células, cada uma com uma função específica: o neutrófilo e todos seus sub-tipos são associados a infecções por bactérias ou situações de stress do organismo, os eosinófilos são ligados a infestações de parasitas (verminose intestinal, escabiose) ou reações alérgicas importantes, já os linfócitos e monócitos são tradicionalmente vistos em infecções virais. Lembramos que uma leucemia pode aparecer com número baixo ou elevado de glóbulos brancos, e o que nos faz suspeitar desta patologia tão grave é justamente a ausência ou predomínio fora do normal de qualquer sub-tipo de leucócito (uma leucemia linfóide pode ter neutrófilos próximos de zero, enquanto uma leucemia mielóide tem um número expressivo de um sub-tipo de neutrófilo quando normalmente sua contagem é zero). Assim como já foi dito que uma "grande anemia" nem sempre é de causa oncológica, o mesmo vale para os glóbulos brancos. Mesmo uma "grande leucocitose" pode ter outras causas, como uma infecção (pneumonia em lactentes, que tem uma resposta exacerbada a estímulos infecciosos, pode se apresentar além de 30.000 leucócitos). É sobre estes valores fora do normal que falaremos nos próximos posts, um abraço.

domingo, 14 de março de 2010

Policitemia

Após vários comentários sobre a queda dos glóbulos vermelhos, falaremos hoje um pouco sobre o aumento no número destes glóbulos, conhecido como policitemia. Se a taxa de hemoglobina normal em um adulto do sexo masculino varia de 13 a 18 g/dl, então dosagens acima de 18 são determinadas como policitemia (vulgarmente chamadas de "contrário da anemia" ou popularmente denominadas "sangue grosso" ). Entre as principais causas de aumento desta taxa estão os distúrbios de troca de oxigênio no organismo, que levam o rim a aumentar a produção do hormônio eritropoetina, que é fundamental na produção do glóbulo vermelho; este é um mecanismo de compensação para manter um nível de oxigenação necessária para a manutenção da vida. Temos como causas algumas patologias (doenças cardíacas em recém-nascidos, hipertrofia adenóide com apnéia do sono em crianças e jovens, ou tabagismo prolongado por vários anos) e até mesmo certas condições fisiológicas (habitat em cidades de altitude elevada). A doença mais conhecida, excluindo estas já comentadas, é a Policitemia Vera, um distúrbio mieloproliferativo crônico que aumenta não só a produção dos glóbulos vermelhos na medula, mas tambem dos brancos e das plaquetas. Nestes casos, o sangue fica mais viscoso e pode entupir alguns vasos, facilitando tromboses e AVCs (derrames). Um abraço.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Anemia da Doença Crônica

É comum que pacientes que permaneçam doentes por um período prolongado acabem evoluindo com anemia; inicialmente esta anemia pode ser por falta de apetite ou sangramentos localizados, o que é diagnosticado como uma anemia carencial. Porém, com o passar do tempo, uma doença crônica pode gerar alterações intensas em nosso metabolismo, que levam o paciente, mesmo alimentando-se corretamente, a este diagnóstico de Anemia da Doença Crônica (ADC). Por definição, patologias que por si só levem a anemia estão excluídas deste diagnóstico, como doenças renal, endócrina e hepática, por hemólise ou uso de drogas. Geralmente, a ADC está relacionada a patologias crônicas infecciosas (tuberculose, endocardite, AIDS), inflamatórias (artrite reumatóide, lúpus, doença de Crohn) ou neoplásicas (linfoma, carcinoma). A causa desta anemia é representada por três fatores que interagem entre si: a diminuição na sobrevida do glóbulo vermelho, falha da medula óssea na produção deste glóbulo vermelho para compensar sua diminuição, e distúrbios da metabolização do ferro que impedem seu uso adequado. Exames básicos, como a comparação de valores entre a ferritina e o ferro sérico, com o auxílio das provas inflamatórias, são suficientes para nos fazer suspeitar desta patologia. Por hoje é só.